quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Retrospectiva 2008: o ano que passou sob a ótica dos meios de comunicação



Chega o final do ano e já sabemos o que nos reserva: especiais, programas confeccionados sob medida para nos entreter nos últimos dias do ano, repensar valores e também darmos uma passada em tudo o que aconteceu no Brasil e no mundo.
Estava pensando em como os especiais deste final de ano não me emocionaram. Será que fiquei insensível? Pelo contrário. Noviças, bichos de pelúcia e histórias de Papai Noel não têm encantado nem mesmo às crianças, uma vez que tais especiais convivem e competem em uma disputa já vencida com os telejornais.
O brilho do Natal e de uma renovação com o ano que chega são substituídos por trágicas notícias de violência, assaltos, homem que se veste de Papai Noel e coloca fogo em uma casa na noite de natal, bebida, bebida, mais bebida e acidentes, além das cansativas reportagens sobre a procura do presente ou dos ingredientes para a ceia.
Parece que o final do ano chega para que as pessoas morram nas estradas, indo buscar uma alegria que não encontraram durante o ano todo. Famílias se despedaçam, enchentes arrastam pessoas de todas as idades e seus pertences, a água inunda e não lava a alma, mas afoga a esperança de quem ainda tinha alguma.
Será que este é o final de ano que desejamos? Será que os meios de comunicação relatam apenas a triste realidade que nos cerca?
Prefiro crer que os meios relatam uma parte da realidade. Os acidentes existem, é preciso mostrá-los para que se ganhe – será?! - um pouco mais de consciência. Ou um pouco mais de generosidade.
Mas será que só de mortes e tragédias sobrevive o final do ano? Não sei, pois não tenho a aparente onipresença dos meios de comunicação. Pouco sei das ações solidárias deste final de ano.
Fiquei emocionada com os voluntários que atenderam aos pedidos transcritos em cartinha para o doce Papai Noel das crianças carentes. Mas foi só. Não vi se pessoas carentes tiveram um Bom Natal. Não sei se voluntários foram doar um pouco de amor a elas.
Não sei se algum crime foi evitado graças a ação eficiente de um policial. Ou se alguém deu parte da sua ceia para algum funcionário, um porteiro, um vigilante que iria passar a noite sozinho. Não sei um acidente aconteceu e vítimas foram socorridas por pessoas generosas. Não sei se obras de arte foram elaboradas para homenagear o menino Jesus. Não sei se a renovação do Natal aconteceu e as pessoas se tornaram mais generosas, menos violentas, mas conscientes de que não estão sozinhas no mundo e que somos todos irmãos.
Não vi manifestações de solidariedade nas igrejas ou apenas os rituais tradicionais para que as pessoas cumpram com o protocolo. Não vi se a ONU foi levar alimento para pessoas da África e de outros países renegados à dor do abandono e da miséria. Não vi regeneração. Será que ela aconteceu?
Espero que ela tenha acontecido. Espero que, mesmo não tendo sido flagrada pelas tristes e viciadas lentes dos meios de comunicação, a regeneração tenha feito morada em alguns lares e em vários corações. Espero ainda que ela seja tão forte, intensa e iluminada que afaste de vez as trevas que invadem nossos lares pelos jornais, telejornais e programas de rádio diariamente. Que 2009 seja regenerador para quem capta e dissemina a notícia. E que nem tudo seja dor.

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