domingo, 23 de agosto de 2009

Relação jornalista – assessor – empresa

A relação entre assessor de imprensa e jornalista é construída ao longo do tempo. Como qualquer relação, exige confiança, ou seja, respeito ao trabalho de ambos. O assessor oferece pautas adequadas ao público leitor do veículo, com fontes qualificadas para discorrer sobre o assunto em questão e atende o jornalista com agilidade quando acessado. O jornalista passa a compreender como é o trabalho do assessor e o respeita. Segundo o jornalista Márcio Kroehn : “Tenho muita facilidade em trabalhar com assessores. Procuro entender o trabalho deles, assim como deixo clara a minha necessidade em determinados momentos. Contar como gosto de trabalhar facilita o entendimento”.
Após a sugestão de pauta ter sido aceita pelo veículo, é hora de fazer a ponte entre o jornalista e o porta-voz. Preparar o entrevistado, simular a entrevista, dar dicas do que pode ou não ser falado (media training), elaborar perguntas e respostas possíveis para a entrevista, munir o entrevistado e também o jornalista de materiais de apoio (links, outras informações sobre aquele tema, pesquisas, etc), agendar entrevista em horário conveniente para ambas as partes, acompanhar a entrevista, seja por telefone ou presencialmente para apoiar o cliente, oferecendo informações extras prometidas e que não estavam à disposição no momento da entrevista, por exemplo. Lembrar o cliente - se ele esqueceu no afã da entrevista - que aquele tema não pode ser explorado mais a fundo naquele momento, se for o caso, e que o jornalista voltará a ser contatado futuramente. Intervenções como essas se fazem necessárias para a manutenção da estratégia da empresa.
O bom relacionamento com a imprensa, com o contínuo abastecimento do jornalista com notícias relevantes, se fará essencial para que - em uma situação como a apresentada acima, em que a intervenção do assessor foi necessária para que o cliente não antecipasse uma notícia que estrategicamente deveria aguardar um pouco mais para vir à tona - o jornalista realmente aguarde pelo novo contato da assessoria, e não tire conclusões precipitadas ou investigue por conta própria aquilo que sua fonte não quis revelar naquele momento. Evidentemente que isso não é uma garantia, uma vez que cada caso é um caso e jornalistas são seres humanos que mudam de opinião ou que são pressionados por seus chefes a assumirem outras atitudes. “Por princípio, jornalista é jornalista e trabalha para o cidadão, não para atender aos interesses desta ou daquela empresa” (VIANA, 2001, p.143). Mas o bom relacionamento e a troca são fundamentais, pois os jornalistas não estão em todos os lugares, o tempo todo, e contam com o apoio dos assessores e, obviamente, de suas fontes.


Na teoria, os jornalistas estão por toda parte. Têm mil olhos, sabem tudo o que acontece. A realidade é radicalmente oposta. Eles circulam por pontos-chave para a produção de notícias, mas têm acesso muito limitado à intimidade dos fatos. A qualidade das fontes é que rompe com a barreira do isolamento. Para a fonte, as contrapartidas negativas podem estar no risco proporcionado pela exposição. Das fontes se diz que elas são seguras, inconfiáveis, duvidosas. (VIANA, 2001, p.143)


Avaliar os “erros” e pensar em novas alternativas de divulgação caso a primeira estratégia definida não tenha alcançado os resultados desejados também é tarefa do assessor, bem como alertar o cliente sobre o processo que não foi bem sucedido, apresentar-lhe soluções e debatê-las com ele.
Como se pode perceber, as tarefas executadas por um assessor de imprensa ou consultor de comunicação – seja qual for o nome escolhido para definir o perfil desse novo profissional - não são das mais fáceis.

Nenhum comentário: